terça-feira, 2 de setembro de 2014

Aulas de Serviço Social

Politicamente (in)correto

O corpo que é de mim não me pertence.
Minhas idéias imortais querem matá-las;
Ferem-a, colocam-as injúrias
no que se sente com prazer e era venerado
em outros tempos, por filósofos e gregos (misóginos);
apesar das limitações de todas conjunturas

Meu corpo é aprisionado.
Não o vejo como representação,
apenas como mais um produto.
Na mídia, o espelho é a cor branca da cegueira
(como em Saramago ou algo parecido)

Com meu povo, e que muita gente esqueceu quem são,
é subjugado contra os muros,
ou quando os quebram, recolocam em um lugar de "luxo", que não é nosso.
Pensam que a cidade de pedra respira,
enquanto a mata é o que nos dá vida.

Do meu gênero nem se fala,
por décadas é colocado abaixo de um pau.
Queimadas em fogueiras,
espancadas por chicotes.
Jogaram-me ácido no rosto,
e até agora não sei o porquê.

Acredito que toda essa violência vem do medo.
Toda estratégia vem da guerra.
Para exterminar um povo, bastar liquidar sua cultura.

Por isso que digo, que penso e repito:
Mulheres, nós somos essenciais.
Quando perceberem que somos a resposta de todos os antagonismos
produzidos pelos homens, e mostra-lhes
que juntas e juntos podemos mais,
não sei se irão agradecer, ou com mais medo apedrejar mais Genis
(mas a gente monta uma barricada).

Por isso mantenho minha a minha essência flutuante.
Carrego o sangue de meu povo.
Gero a vida ou nego a morte em vida com um aborto.

Não luto por ordem nem progresso.
Essa pátria não me pariu.
Luto por gente, por vida.
Luto pela minoria a qual querem acreditar que sejamos.

Eu digo e repito:
Sou mulher, sou homem, sou puta e vadia, sou índia, sou lésbica.
Eu sou o que carrego e o que aguento ser.

Thamiris de Oliveira 24/09/13

Um comentário:

  1. Não sou homem nem sou índia. Na paz corrigindo a estupidez da ignorância. Beijas

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