quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Blá, blá, blá

- É a primeira vez que você transa com mulher?

Corpos colados brotando volúpias.
Abafado, acelerado,
precisou-se de um empurrão.

Jogo-te a minha cama,
sobre lição de prazer.
Esperneia, sussurra e goza
em um terceiro encontro despretensioso
mascarado de segunda intenções.

Segundas intenções,
segunda mulher,
na segunda-feira,
madrugada de terça.

Acalmai os corpos
para melar-se, enfim, de vez.
Tagarelice desapareceu, dando lugar a sorrisos indecifráveis -
e talvez continuassem encantados por não querer decifrá-los,
até um primeiro momento.

Sorrisos, beijos e abraços,
por ambas bem abraçados
num mesclado de corpos desengonçados 
numa dança de sexo iguais.

Por fim, o que restou foi fios de cabelos
direto para a lata do lixo.

Thamiris de Oliveira ?/04/2013

sábado, 26 de outubro de 2013

Em nota de contas

Coração (vazio) vive de sopros - direções invisíveis norteiam a náufragos às mais belas ilhas - e apagam (a vida).

Thamiris de Oliveira
Outubro/2013

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Vai pra ponte, vomita e se joga.

Seus olhos realmente devem ser muito belos para enxergar um belo em mim
Minha vontade de amar é estúpida (como qualquer forma de amor)
Minha esforço é minado
Minha idade é pouca para minha velhice
Meu sentimento morre quando quer existir
Minha lágrima não mais sai, nem com tristeza
Meu querer falar é grande, mas ele não tem voz
Meus ouvidos de buda, ultrapassaram seus mestres
Minha energia não é. Positiva ou negativa? Em algum momento não terei mais cargas para segurar
Meu leve peso me pesa
Meus olhos não tem mais espelho, não me vejo mais, também não me mostram muita coisa (quando se transforma em sentimento já não é)
Meu pessimismo é otimo
Minha inteligência é burra
Minha depressão é abusada
E minha preguiça é extremamente preguiçosa.
Thamiris de Oliveira 06/09/13.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

 

Obrigada

Para um coração tão petrificado,
bastou uma gostosa simplicidade.

Thamiris de Oliveira 28/08/13.

sábado, 3 de agosto de 2013

.

Palavras

Uma vez recebi o presente da vida. Logo depois me conduziram e registraram. Mas estas anotações foram tão grandes, que teimosamente, fugiram de um ofício e ganharam outra vida, habitando em mim e escravizando meu corpo.
Um abecedádio confuso e corriqueiro, nunca formando uma frase lúcida, somente alguns versos calados, poesias esquecidas sem ponto final.
E nas reticências sigo meu caminho. Saltando devagar para não cair em um ponto errado e por ali parar.
Minhas letras pulsam com assaz velocidade deixando-me velha e amarelada. Só preciso de outro corpo para poder registrar uma palavra tão maldosa: amor.

Thamiris de Oliveira 04/12/09.

sábado, 8 de junho de 2013

Neurose feminina

- Será que vou vê-la de novo?

- Aaaah, queria vê-la novamente...

- Quero vê-la hoje!

- Foda-se esta mulher maluca. Porra.

Thamiris de Oliveira 06/06/13

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Textos perdidos em leituras de faculdade

Roubo

Aconteceu um assalto.
O mais assudtador de todos.
Além de ter sido furtada, fui agredida.
E dizem que tal ato está dentro das causalidades

Tranquilamente nas ruas,
Fui abordada.
Não sabendo como,
Mas fui cobrada pelo furto.

Um juros sugando minha vida
no meu trabalho árduo do amor
(Apesar de ter tirado férias),
oprimindo minha paz,
desnutrindo-me da razão,
taxando-me de juras,
embolando um amor não quisto.

Thamiris de Oliveira 17/11/09.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Criança x adulto

 Por mais que crianças não saibam como, por que e para que comer, elas se alimentam melhor. Os víveres são introjetados por outras pessoas. Pode ser que crianças até sejam mais resistentes e relutantes, esperneiam e comem. Quando mais velhos também comem. Todos os tipos de víveres são induzidos para viver e morrer.
 A planta que nos foi dada, dificilmente era saboreada. Nossos adultos tinham, até muito das vezes, que nos premiar por atos mais banais e simples. E saudáveis.
- Quero ver: quem comer o prato mais colorido e tudinho, vai ganhar um super presente! E ainda vai ser campeão (na vida. Olha que maravilha)!
 Mas com o passar do tic e tac, nossas plantas verdes foram preparadas e cozinhadas de outra forma. Elas eram cozinhas e temperadas, mas agora elas estão mais quentes, estão queimando a coitada da flor - não da couve. Ela também faz bem, brinca com a nossa imaginação, mas também faz mal. Ouvi dizer uma vez algo relacionado a inalação de fumaças - para que quero elas dentro de mim? (Bom, muitos hábitos e condutas mudam com a idade, sobretudo a maneira de ser as palavras e seu entendimento).
 Quando criança, lembro gostar muito de açúcar, chocolate, sorvete, bolo (bolo eu confesso que só fui gostar na adolescência). Uma substância tão pequenina, bonitinha, parecida com cristais, faziam-me chegar as alturas! E me esforçava bastante para consegui-los. Comia o almoço e janta toda, dava beijo no pai e na mãe, era o xodó da família. E não carregava comigo nenhum sentimento de estar sendo oportunista, ou pelega. Era simples. Era tão feliz.
 Já adulta, esse açúcar mudou. Nem sabor ele tem e nem na boca saboreia-se. Nunca precisei me esforçar muito para consegui-lo. O dinheiro dinheiro nos traz tantas facilidades, até mesmo com este papo de encurtar distâncias (como acerca da globalização). O que me deixava nas alturas, hoje me leva ao delírio. Não consigo entender por que não sou mais tão querida na família, POIS EU SOU TÃO BONITA! E depois mais feia que qualquer fase na adolescência esquisita. Quando eu comia esse açúcar eu engordava - confesso que não gostava - mas esquecia logo após de iniciar uma brincadeira ou distração. Agora estou cada vez mais magra, por dentro e por fora. E alguma coisa me faz lembrar disso toda hora! Não consigo esquecer!
 Lembro que gostava muito de balas! Mamãe enchia o saco para eu não ter cáries, e também me ensinou a dividir minhas balinhas com amigos (acho que desde criança já partilhava de algum socialismo). Balas de cereja, menta e hortelã. Era conhecida como a menina mais corajosa que enfrentava as balas mais ardidas, azedas. Mas o tempo vai, o tempo não mais vem, e as balas continuam com o mesmo nome. Não mais com o mesmo significado ou sentido. A bala agora é só para mim! E ela tira minha fome e minha sede, só não sai de dentro de mim - por um tempo. Antes elas me dessem só cáries, hoje saberia como as prevenir. Mas por mais que eu queira, não dá para controlar minha velhice. Parece que ela chega mais rápido ao meu rosto e a única solução que vejo é gastar mais dinheiro (outra coisa chata que se aprende quando cresce) para recuperar uma beleza pueril. Mas ela é sempre roubada, parece até que não pertence a mim. Minha beleza some.
 Tem outro tipo de bala que perdeu gosto. Não é doce nem saborosa. É azeda e só minha! E eu quero mais e mais. Alguns loucos dizem até que ficarei sozinha, mas são eles que não me entendem! Gente maluca, engraçada e chata. Fazem-me rir ainda mais.
 E por fim, temos também os líquidos. Assim como os víveres, nos fazem viver. E foi assim que desde muito pequenos conhecemos a água. É transparente, leve - de acordo com seu temperamento e pressão - sem cheiro e sem gosto. Características que não consigo entender desde sempre e talvez até nunca. Gosto da ciência, mas nada mais agradável que seguir nossos instintos e sentidos. A água refresca, carrega proteínas, carboidratos e sais minerais para todo o meu corpo: da unha do pé ao último fio de cabelo. E quanto mais exausta, mais eu bebia e mais me revitalizava. Com o passar dos anos, não sei por quê, fui bebendo-a cada vez menos - confesso que nunca fui grande fã de beber água, mas - cada vez menos (tem dias que bebo mais café que água!).
 Mais para frente, esse líquido se tornou amarelo, gasoso e espaçoso. Ou até continua transparente sim, mas com um sabor terrível. E quanto mais eu o bebo, mais o bebo e menos me aguento. Eles trazem a mim não a revitalização, mas um peso que não consigo aguentar. Mulheres, estudo, emprego, dinheiro. Eu bebo e esqueço. Vê-se lá se terei tempo de cuidar do meu coração!
 E ainda dizem que o tempo é rei. Nem dá saudade ele é. Alguns resquícios dela sempre estarão com você, por mais que as lembranças não tenham mais importância e sentimentos; você lembra daquilo que já teve ou possuiu.
 E como tenho saudade daquele tempo que eu achava que era uma princesa à perfeição de uma rainha. Lá, meus sonhos se multiplicavam e me davam forças para querer crescer e desbravar. Queria ser uma tal de uma rainha. Hoje sou nada.
 O tempo não é rei. Talvez o passado seja ou já foi. O tempo é escravo que se apropria dos alimentos para corroer nossos sonhos.

27/02/13 Thamiris de Oliveira.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Adoro essa palavra

Soberba

No ônibus levei um soco da razão. Criei uma teoria! Mas para toda teoria existir, plausivelmente, deve-a colocar em apuros com a prática, e então sobreviver. Além disso, exalto o grande papel e funcionalidade de minha teoria à sociedade.
Soberba. Bom, é um conceito com vários significados: orgulho; altivez; arrogância; "Narizinho do Picapau Amarelo" (adoro eufemismos); "nariz em pé"; gógó; "só tem pescoço" e etc. Esse é o primeiro grande suporte da teoria. Prosseguindo, esse conceito tem como objeto central o sujeito da ação. Ou seja, o ser social.
Ora, sendo a teoria materializada no corpo, pude observar que o indivíduo que mede, aproximadamente, 1,80m, surpreendentemente, o sujeito passa a medir 2,70m! É isso mesmo! Consegue adquirir o dobro do seu tamanho original! Menos ou mais dependendo da dose de soberba.
Outro fato importante que pude constatar, é que se a cobaia for homem e ter o "pombo de adão", aquele gógó, o ossinho que balança na garganta, o sujeito ainda cresce 0,20 cm de tamanho! É quase  inacreditável.
Concluo minha tese, de que está se criando um enorme exército de super humanos gigantes em direção ao ápice da altura de suas próprias quedas.

18/12/12 Thamiris de Oliveira

domingo, 6 de janeiro de 2013

"A consciência moral que tantos insensatos tem ofendido e muito mais renegado, é coisa que existe e existiu sempre, não foi uma invenção dos filósofos do Quartenário, quando a alma mal passava ainda de um projeto confuso. Com o andar do tempo, mais as atividades da convivência e trocas genéticas, acabamos por meter a consciência na cor do sangue e no sal das lágrimas, e, como se tanto fosse pouco, fizemos dos olhos uma espécie de espelhos virados para dentro, com o resultado, muitas vezes, de mostrarem eles sem reserva o que estávamos tratando de negar com a boca".
Ensaio sobre a cegueira - Jose Saramago.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Olhares que não falam,
perdem-se a qualquer desvio.
Olhares vazios,
Cheios de ressentimentos.

Olhares mortos, tristes até para se ver.
Olhares molhados, vermelhos, cansados, maltratados.

Olhares velhos,
Não querem descobrir mais nada.
Olhares cegos que nada enxergam a sua volta.

Olhares desinteressados;
Eles não brilham,
E até te ofuscam.

Olhares ausentes,
Sonolentos,
Acorde, acorde,
Há alguém em sua frente.

Olhares confusos.
Mesmo os olhando bem no fundo
Não se acha nenhuma resposta.
Estão lá perdidos.