terça-feira, 16 de março de 2010

Geografia

Fui um alvo para desconhecidos caminhos. Perdendo-me na sua natureza, sem bússula, sem defesa.
Caminhei pr`além do desconhecido, esfomeada de dúvidas; de fomes subconscientes e sedes transbordadas.
Andei por curvas e vales, avistando as belezas nuas e cruas, assim como são, nas variadas chuvas d`agua ou tardes ensolaradas retirando meu suor.
Fiz amizades com aves e vez em quando polsavam em mim. Nenhuma sozinha. Só acompanhada e faminta; e eu insensata acabando com meus víveres.
Perdurei em noites frias e caladas, com ecos selvagens acordados me deixando cada vez mais aflita.
Avistei de longe montanhas pontiagudas, sendo por dias, felicidade de minha conquista. Com perfumes das flores embriagantes, me deitei. E na continuação da rota, caí. Rolando em espinhos fantasmas, desaparecendo de minha visão.
Até que em cima de um rio, pendurei-me nos cipós dos fios de seus cabelos, vendo-me pendurada e machucada sob espelhos turvos e enganadores - não sabendo o grau real da sua profundidade. E sem forças, me entreguei à correnteza refrescante e fluídica.
Depois veio uma correnteza leve e constante. Fui levada à uma caverna submersa, com aranhas tecendo meu céu ensolarado de medos, angústias, curiosidade com picadas de pequenas dores.
E sendo o último lugar visitado, parece que me juntei à jorradas das águas da cachoeira. Frias, cortantes e sem controle de queda nos meus olhos.
E os alimentos de lá, sintonizavam o paladar de minha língua, beijando-me de nutrientes para me alimentar, deixando aftas para não conseguir mais prová-los. Eu não aguentei a sua acidez.
No desespero, mas já em brisas de calmaria, fui atrás de um vagalume, podendo-me mostrar um pouco de amor. Segui-o e não mais avistei. Procurei-o de novo, e estava morto. Fiquei triste, pois queria voltar para casa com algum companheirinho.
Tardou à escurecer, e fiquei parada, talvez esperando um resgade. Vendo minhas lágrimas reluzirem, quis saber donde vinha o brilho. Olhei para o céu e sorri para as luzes de amor; umas cadentes, outras fixas - próximas ou distantes - relembradas no meu pulsador de saudades. Mas que me deram luz e me ajudaram a voltar para casa.

Um comentário:

  1. Nossa! Nunca tinha visto alguém descrever tanta angústia com tanta leveza! Que contradição mais bela....rs

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